No entanto, perante a nota do Executivo, Luís Tavares, Diretor Coordenador Nacional da DS Seguros, disse ao ECOseguros que há grande margem de poupança para as famílias portuguesas, uma vez que há casos em que “no mercado existem seguros com as mesmas, ou até melhores, coberturas por metade do preço” do que os oferecidos pelos bancos.
Nesse sentido, a APROSE realizou no ano passado um estudo sobre os lucros dos bancos na subscrição de seguros de vida e multirriscos associados ao crédito à habitação que permitiu mostrar, adianta, “que estes seguros chegam a custar mais do dobro do preço de mercado”, lê-se num comunicado enviado às redações.
O estudo, lembra ainda a associação, foi elaborado “após inúmeras queixas de lesados que depois de contratarem os seus seguros junto da banca sob o pretexto de um spread promocional, acabavam a pagar mais do dobro do valor pelos seus seguros, face ao normal preço de mercado para as mesmas coberturas”.
Famílias podem poupar cerca de 300 euros anualmente
Nesse sentido, a APROSE saudou a inclusão da medida no plano considerando que esta dá liberdade de contratação de seguros associados ao crédito à habitação acabando por permitir “poupanças médias anuais de 300 euros e entre 15 e 30 mil euros, ao longo da vida dos contratos”
Como exemplo, a APROSE aponta o de um casal que pede um empréstimo de 241.500 euros a 30 anos e que, com a concretização da medida que o Governo agora propõe, terá uma “poupança anual com a contratação do seguro fora do ‘pacote bancário”” de 543,01 euros.
“Este é um caso concreto de empréstimos contraídos pelos jovens e pela classe média portuguesa que estavam a ser penalizados pela banca”, acentua a associação, notando que esta penalização é ainda mais sentida num contexto como o atual de juros elevados.
Legislação deixou “porta aberta” para as instituições bancárias
Luís Tavares considera que quando em 2009 se legislou que os clientes dos bancos podem contratar o seguro de vida onde quiser “deixou uma ‘porta aberta’ para as instituições bancárias, visto que não permite a penalização no spread, mas autoriza a bonificação em caso de cross selling. “À ‘vista desarmada’ pode parecer uma situação vantajosa para o cliente, mas a realidade é muito diferente.”, disse o diretor coordenador da DS Seguros.
Nesse sentido, o responsável afirmou ainda que “dada a grande diferença de informação entre o cliente e a instituição bancária, e ainda a situação vulnerável do cliente face à mesma, no momento da aprovação do seu crédito o cliente é levado a aceitar as propostas por parte do banco sem as entender muito bem, pois o seu foco é a aquisição da sua casa, e o maior receio é o de não conseguir o financiamento pretendido.“. “Com este enquadramento, as instituições bancárias têm aproveitado estas vantagens para continuarem a fazer a esmagadora maioria dos contratos de seguros de vida do crédito habitação”, acrescenta.
Para Luís Tavares, o recurso a mediadores de seguros “poderá permitir aos clientes poupar no seguro de vida do seu crédito bancário, montantes que podem ascender a dezenas de milhares de euros ao longo dos vários anos do seu empréstimo”, conclui.
Lusa e ECO Seguros 20/05/2024