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Futuro da mediação de seguros passa pela digitalização

David Pereira, Presidente da APROSE, alerta

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A pandemia veio reforçar a ideia de que o caminho do futuro, em particular na mediação de seguros, tem de ir no sentido da digitalização. São novas oportunidades que se colocam e a geração jovem terá um papel determinante nessa via. O reconduzido presidente da APROSE, David Pereira, em entrevista à “Vida Económica, deixou ainda claro que não há qualquer intenção da associação que lidera de “evoluir” para uma ordem profissional.

Vida Económica – Foi reeleito presidente da APROSE. Quais são os objetivos para o novo mandato?

David Pereira – Desejo que seja efetivamente um novo mandato, na verdadeira aceção da palavra. O anterior mandato foi conturbado, com uma pandemia pelo meio e que ainda não está ultrapassada. A APROSE é uma instituição com história e muitos mediadores associados. Mas foi também um mandato trabalhoso, em que destaco três pontos fortes. Um foi a transposição da diretiva comunitária para o regime jurídico nacional da lei da distribuição de seguros. Por sua vez, foi durante esse mandato que se fez, pela primeira vez, o contrato coletivo de trabalho para a mediação de seguros. O terceiro ponto forte foi o trabalho muito meritório desenvolvido pela associação em termos de formação e conformação dos novos associados. Quanto ao futuro, este novo mandato tem de ser também marcante. A pandemia veio lembrar que há um caminho a percorrer, que é o da digitalização. A realidade é que ficámos dependentes da relação digital com todos os intervenientes da nossa atividade. A digitalização abriu um leque alargado e inesperado de horizontes. Ou seja, o mandato tem de ficar marcado pela entrada da APROSE no mundo digital, sobretudo enquanto parceira dos seus associados.

 

VE – O aumento das transações digitais veio aumentar ou reduzir a procura de serviços?

DP – A vida é feita de adaptações e o digital tornou-se num imperativo, com a pandemia, para podermos comunicar com as seguradoras, os clientes, enfim, com todas as pessoas e entidades que vivem à nossa volta. Apenas acelerámos o inevitável, socorremo-nos do mundo digital disponível, no âmbito de um vasto leque de mediadores com grandes diferenças entre si. Todos eles tiveram de se adaptar e utilizar o digital a seu favor. E têm-se saído bem. O futuro passa por avançar cada vez mais no digital, não haver recuos, e a APROSE vai contribuir para esse objetivo. Este é o caminho.

 

VE – Durante a pandemia foram feitos mais ou menos seguros?

DP – Durante o período mais acentuado da pandemia, a economia retraiu-se, as pessoas ficaram em casa, a atividade empresarial diminuiu drasticamente. Houve uma contração no mundo financeiro e as seguradoras também se ressentiram desse facto. Neste contexto, a procura registou uma forte quebra, o que se traduziu numa diminuição da contratação de seguros. Ou seja, a contração foi transversal a todas as atividades do tecido empresarial. Um cariz mais técnico.

 

VE – No âmbito do estatuto da atividade de mediação de seguros, considera que a APROSE se deve manter uma associação privada ou evoluir para uma ordem profissional?

DP – Essa foi uma moda que fez história também na APROSE. Houve, de facto, a intenção de transformar a associação numa ordem. Mas a APROSE concluiu que esse não era o seu caminho. A APROSE está bem como está. Não faz parte da nossa imagem enquanto associação a sua transformação numa ordem. E tal não vai suceder também durante este mandato. A sua ação com os mediadores e as instituições não perde força por ser uma associação.

 

VE – Considera que a vertente comercial continuará a ser a principal atividade do mediador de seguros ou há aspetos mais técnicos a considerar para além da comercialização?

DP – Ainda antes da pandemia, as seguradoras foram “empurrando” para a mediação os trabalhos que historicamente eram da sua competência. Antes, os mediadores tinham exclusivamente a vertente pura e dura comercial. As coisas foram evoluindo, os mediadores tornaram-se mais especializados, profissionalizaram-se. Por outro lado, passou também a ser uma atividade do foro familiar, o que foi dando aos seguidores um cariz mais técnico. As seguradoras aperceberam-se que a mediação tinha elevadas competências e juntaram o útil ao agradável e foram “empurrando” o trabalho administrativo para a mediação, aligeirando os seus custos a montante. Atualmente, o mediador é um parceiro técnico, administrativo, financeiro e comercial das seguradoras. A área comercial continua a ser a sua vertente mais forte. Quem promove a venda, a regularização de sinistros e a cobrança é a mediação de seguros. Todo este trabalho das seguradoras não sobreviveria sem uma forte e profissional intervenção dos mediadores.

 

VE – O setor é atrativo para novos projetos, para os jovens entrarem na atividade da mediação?

DP – Claro que sim. O futuro passa pelos jovens, muitos deles formados no mundo da informática, da inteligência artificial, das plataformas digitais. Jovens que vêm das faculdades, dos institutos, de muitas fontes e que trazem nos olhos o brilhozinho do futuro. Eles são essenciais para a modernização da atividade de mediação de seguros e para a atividade seguradora, em geral. Qualquer projeto tem de contar com os jovens. Eles trazem o conhecimento quase genético do mundo digital. Os jovens são capazes, neste momento, de darem o salto muito mais rápido para a digitalização. São eles que vão trazer novas luzes à mediação e existe procura à saída das faculdades e dos institutos.

 

Vida Económica 19/11/2021

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