Na introdução ao 10º Congresso da APROSE – Associação Nacional de Agentes e Corretores de Seguros, realizado esta sexta-feira em Lisboa, o seu presidente da Direção, David Pereira, destacou feitos passados da associação que reúne corretores e mediadores de seguros em Portugal há já 48 anos.
No sentido inverso ao mercado segurador, que caiu em 2023, David Pereira realçou que as quotas dos agentes subiram e referiu a necessidade da mediação de seguros continuar a qualificar os quadros e a ser inovadora.
Para os membros da associação, David Pereira afirmou que o caminho é ir além de os mediadores seguirem tendências para se tornarem “agentes transformadores, aqueles que ditam as tendências, para definirmos, em conjunto, os temas dos próximos 5 a 10 anos”.
A resiliência do futuro da mediação está, segundo presidente da APROSE, na sua capacidade de “personalizar as interações e humanizar as respostas, por que o futuro são as pessoas”.
Margarida Corrêa de Aguiar e a alteração do perfil do mediador
A abertura do 10º Congresso da APROSE foi realizada por Margarida Corrêa de Aguiar, presidente da ASF – Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões – que sublinhou os resultados positivos do setor segurador, num ambiente adverso. Relembrou a importância de relação do cliente e mediador, da distribuição geográfica de mediadores por habitante e felicitou a APROSE pela profissionalização que tem conseguido, realçando que os mediadores intermedeiam mais de 90% do mercado Não Vida e que em Acidentes de trabalho está acima de 95%.
Salientou ainda que se assiste a uma alteração do perfil dos mediadores com a redução da idade média, aumento de habilitações literárias, atividade exclusiva, e mais pessoas coletivas e não individuais.
Margarida Aguiar lembrou ainda as inúmeras leis e alerta os mediadores para a importância de as ter em conta, para não correrem riscos reputacionais.
António José Seguro: “Rejuvenescer a população para fomentar a inovação”
António José Seguro, ex Secretário-Geral do Partido Socialista, subiu ao palco do congresso como keynote speaker e alertou para a importância de garantir a regulação do mercado, que não deve ser um fim em si mesmo, mas uma condição para o desenvolvimento. Diz-se contra uma sociedade de mercado que vê clientes como consumidores descartáveis. “Há quem tenha a ilusão que o mercado sozinho possa resolver tudo, mas não é assim”.
Para Seguro, alguns dos recentes debates eleitorais, foram mais combates do que trocas de ideias, aliás verifica que se está a perder a cultura de respeito pelo oponente e diz ser “uma imbecilidade ligar berros a convicções”.
Afirmou ainda que “rejuvenescer a população para fomentar a inovação” deve ser um objetivo essencial na política portuguesa.
Enquanto europeísta, defende a importância de Portugal continuar no “navio europeu” para se diferenciar no mercado globalizado, mas considera essencial tornar a economia nacional mais autónoma e menos dependente do exterior. Defendeu inverter a dependência do turismo e de fundos europeus para o crescimento económico.
Diferenciação e inovação: É o cliente que escolhe a porta porque entra em casa
Para o primeiro painel de debate, a APROSE escolheu o tema “Diferenciação e Inovação da Oferta em mercados Consolidados” convidando a participar Marta Graça Ferreira, presidente da Real Vida, Sérgio Nunes, CEO da April, Ricardo Raminhos, CEO da MGEN e Domingos Magalhães, Diretor de Redes e Soluções Especiais da MDS Portugal.
Marta Graça Ferreira afirmou que “a inovação é algo que faz parte da Real Vida que tem estado sempre à procura de novas tecnologias. Exemplificou referindo que a companhia fez uma renovação tecnológica em 2019, e que já não é humana na avaliação do risco. Neste momento, “não existe intervenção humana na aceitação de propostas” afirmou, “como sabem os mediadores”, concluiu neste ponto.
O mercado não está consolidado – garantiu Sérgio Nunes -, os seguros de crédito habitação ainda hoje são vendidos por mediadores especializados, muitos são da banca, outros no mercado digital e o que observamos é que há uma rotação dos que saíram à procura de poupança. Há uma oportunidade de crescimento no mercado, cabendo às empresas inovarem e captarem os já seus clientes, disse.
“O digital é mais uma oportunidade dos mediadores”, sublinhou Domingos Magalhães “mas é o cliente que escolhe a porta por que entra na casa. Muitas pessoas preferem aconselhamento personalizado. Temos que estar atentos a todos os meios, incluindo digitais, por ser mais fácil e chegar a uma maior audiência” – aí o mediador otimiza o seu tempo para executar melhores tarefas.
Ricardo Raminhos prevê um crescimento de 15 a 20% por ano no ramo saúde, especialização da MGEN, que o gestor lidera em Portugal. O português gasta em média 1100 dólares em saúde, e gasta 330 em seguros de saúde. Considera que nos próximos anos se assistirá ao inverso.