As cheias, a oração e o formulário do seguro
David Pereira, Presidente da Associação Nacional de Agentes e Corretores de Seguros (APROSE)
Parece contraditório, mas não é.
Os fenómenos naturais extremos e repentinos, como as cheias ou os incêndios, surpreendem-nos. Mas não são uma surpresa. Podem ser mais ou menos cíclicos, mas sempre existiram. E vão continuar a existir.
Uma das respostas que criámos para estes fenómenos foi a mutualização dos impactos desses riscos. A contribuição para um fundo comum que é acionado quando um de nós precisa de ser ressarcido financeiramente. Noutras palavras: o seguro.
Por muito que não se goste deste princípio, os seguros, são claros: recebe-se apenas o que se paga. Se não pagámos por um risco, não estaremos cobertos nesse risco específico quando o sinistro ocorre.
Uma realidade por demais evidente quando temos fenómenos como as recentes cheias. E nas notícias ficou, uma vez mais, claro que continuam a existir muitos particulares e empresas que optaram por não cobrir os riscos associados à sua atividade, vida ou património, com seguros. Como, da mesma forma, também ficou claro que (demasiadas) vezes quem tem um seguro, fá-lo sem coberturas que possam ser acionadas no caso concreto.