Governo põe em causa venda de seguros pelos bancos
No programa Construir Portugal, o Executivo volta a colocar em causa a venda de seguros relacionados com o crédito à habitação através dos bancos que o concedem. Os mediadores de seguros agradecem
O programa Construir Portugal, apresentado pelo Governo na passada sexta-feira, reabre a possibilidade de os mediadores de seguros disputarem um mercado de quase 900 milhões de euros – em prémios anuais relacionados com a habitação -, até agora solidamente nas mãos dos bancos.
No ponto 17, o plano governamental refere a possibilidade de “constituir um ou mais contratos de seguro através de um prestador que não seja o da preferência do mutuante” de forma a “promover uma saudável concorrência do mercado”. É o retomar de uma proposta do PSD por altura do Orçamento do Estado de 2024, reforçado na proposta eleitoral da Aliança Democrática (AD) e que o programa do Governo tinha deixado cair. Visava terminar com os privilégios concorrenciais dos bancos ao atribuírem benefícios acrescidos se os clientes de créditos à habitação optarem pelos seguros recomendados por esses bancos.
O presidente da APROSE, associação que junta os mediadores e corretores portugueses, tinha louvado a vontade política do PSD, entretanto chumbada no Parlamento. Segundo David Pereira, “o Partido Socialista, no uso da maioria absoluta, bloqueou uma proposta do PSD em claro benefício e proteção da banca em detrimento das famílias portuguesas, numa medida com um impacto anual positivo de mais de 300 milhões de euros, por ano, até ao fim da vida dos empréstimos”.