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“Seguros de Vida ao dobro do preço de mercado?”

David Pereira, Presidente da APROSE

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Os portugueses não podem continuar a pagar a fatura de um mercado viciado, enquanto os bancos nacionais apresentam lucros recorde de 5 mil milhões de euros…

 

Em Portugal, o mercado de seguros associados ao crédito à habitação continua a ser marcado por uma profunda distorção concorrencial que penaliza as famílias. Os bancos, que dominam este segmento por “empacotarem” Créditos à Habitação, Seguros de Vida e Multirriscos, impõem apólices significativamente mais caras do que aquelas que poderiam obter no mercado livre, comprometendo a transparência e a justiça nas condições de financiamento da habitação.

 

A APROSE tem vindo a denunciar esta realidade junto da Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões (ASF), do Governo e dos grupos parlamentares, sublinhando a urgência de garantir verdadeira liberdade de escolha para os consumidores.

Em 2024, o atual Governo apresentou o programa Construir Portugal, onde anunciava uma medida que permitiria a contratação de seguros obrigatórios de crédito habitação com prestadores diferentes dos escolhidos pelo banco mutuante. Era um passo na direção certa, capaz de corrigir um problema e permitir uma poupança para as famílias, que poderia atingir anualmente os 300 milhões de euros.

 

No entanto, esta medida não saiu do papel. O Ministério das Finanças, que tutela esta matéria, em articulação com a Habitação, nunca apresentou qualquer prazo ou solução concreta para a sua implementação. O silêncio sobre este tema contrasta com a importância da questão e com o impacto direto na vida das famílias.

 

É ainda mais preocupante que esta não seja a primeira vez que esta medida é debatida e depois abandonada. Em 2023, uma proposta semelhante foi levada ao Parlamento, tendo sido votada favoravelmente por todos os partidos, à exceção do Partido Socialista. O atual ministro das Finanças, que na altura era líder parlamentar do partido que agora governa, teve um papel fundamental na discussão desta proposta. Ora, a mesma força política apoiou a medida no passado e agora a inclui neste seu programa de Governo, continua, contudo, sem demonstrar intenção de a concretizar e mudar o panorama financeiro das famílias.

 

A posição dos bancos na comercialização de seguros no contexto do crédito à habitação representa uma forma de concorrência desleal que prejudica os consumidores e distorce o mercado. A ameaça de aumento do spread caso os clientes optem por contratar os seguros fora do banco (ainda que a metade do preço) é um mecanismo coercivo que limita a liberdade de escolha. A ASF, enquanto entidade reguladora, deve reforçar a fiscalização para evitar estas práticas abusivas, e o Governo deve cumprir a sua promessa, criando um quadro legal que garanta a efetiva liberdade de escolha.

 

Da parte da APROSE contam, como sempre, com disponibilidade para contribuir para as soluções, em benefício das famílias. A APROSE continuará a lutar por um mercado de seguros mais transparente e competitivo, onde os consumidores não sejam reféns de práticas abusivas. Exigimos que a medida anunciada no programa Construir Portugal seja implementada, garantindo que as famílias possam escolher livremente os seguros que melhor servem os seus interesses, sem penalizações encapotadas.

 

Os portugueses não podem continuar a pagar a fatura de um mercado viciado, enquanto os bancos nacionais apresentam lucros recorde de 5 mil milhões de euros. A liberdade de escolha nos seguros é um direito que não pode continuar a ser adiado.

 

Nascer do Sol 15/02/2025

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